Lá
se passaram 20 anos do dia em que detectei que, apesar de esbanjar
saúde, era portadora de um câncer de seio. Na época, era
subeditora da revista Caras. Passado o primeiro susto, tratei de
seguir as orientações do dr. Ribeiro,.que me operou junto com o dr.
Daher. Período difícil porque eu, apaixonada pelo novo jornalismo
que estava fazendo, não queria parar. E não parei. Com o braço
quase imobilizado, eu ditava as matérias por telefone para um
repórter. Tudo combinado com o Brito que era editor. Depois, veio a
fase mais pesada: a quimioterapia. Na ´época, diziam que meu alto
astral era tanto, que ele era um bálsamo,um estímulo para as outras
mulheres que se tratavam junto comigo. Até o dr. Armando, o
oncologista, dizia isto. E foi por este motivo que dei muitas
entrevistas a TVs brasileira se estrangeiras. Na noite da segunda
posse de Fernando Henrique Cardoso, estava muito fraquinha, mas não
desisti de fazer a cobertura da festa no Itamaraty. E lá fui eu toda
bonitona. De roupa de gala, peruca,maquiada e toda imperiquitada .
Conversei com gente famosa, recebi abraços de dona Lily Marinho, do
Bloch da Manchete, do Civitta da Veja, todos meus ex- chefes , e até
do Fujimoro que era presidente do Peru e do Carlos Menem , presidente
da Argentina. Este, então, não podia vez uma mulher apresentável,
que jogava olhares, insinuações. Até para passar um final de
semana em Buenos Aires, ele me chamou . Fiquei de ir depois do
ratamento, mas não fui. Cheguei na redação, já de madrugada,
para escrever minha parte da matéria.Tonta, com ânsia de de
vômitos e exausta. Mas aguentei o tranco fiz .meu trabalho e tenho a
revista guardada.
Durante
a quimioterapia já não tinha mais veias no braço para furar, para
fazer exames de sangue, Até as veias do meu pé foram usadas para
isto. De4sobedecendo orientação médica, ia para a área rural,
usando uma máscara para evitar micróbios, devido a baixa Imunidade
Com muita fé, fiz tratamento espiritual na Comunhão Espirita, e ia
muito a igreja católica. Me lembro do dia em que a químio terminou.
Aconselhada pelo dr. Armando, fui jantar num e restaurante
sofisticado , recém-inaugurado: O Abajour da Adi que depois virou
dona Lenha.Como comi,meu Deus, como tomei com prazer um vinho
maravilhoso. Fui tocando a vida, conhecendo minhas crianças,
encontrando amores e me sentido curada Claro que falta um pedaço de
mim,mas, como ele foi substituído por um músculo do meu próprio
corpo, nem dá para notar. Claro que meu braço dói sempre que faoo
esforço, claro que ameaça uma grande inflamação quandoo não
respeito as regras impostas. Mas tem remedinho para resolver tu do
isto.
Ao
ver o rosa espalhado pelo Brasil, dentro da Campanha Outubro Rosa,
acho que tenho que fazer um alerta às mulheres, Não brinquem
porque a doença é séria. Não desanimem porque ela tem cura.
Façam o tratamento direitinho , sempre em clima de alto astral,sem
jamais se abater, entrar em depressão, com fé em Deus e fé nos
médicos,. Respeitem que já passou por isto, porque, ao acrescentar
uma nova dor na vida de u ma mulher que enfrentou tal tratamento, é
algo muito cruel,.Elas não merecem porque já pagaram sua alta cota
de sofrimento.
Estou
curada, graças a Deus. E,qual foi a fórmula? Esquecer do passado,
não armazenar novas mágoas no coração,rezar muto, ter é em Deus,
fé nos médicos e mudança de vida. Troquei as futilidades as
vaidades pelo amor ao próximo de quem precisa de uma palavra de
apoio. Ao me tornar o ombro amigo, fazendo aquilo que ,na maioria das
vezes ultrapassa minhas condições, , ao me tornar o ombo amigo de
muita gente eu renasci, eu encontrei pessoas que me ajudam, que me
amam, que me respeitam e que torcem por mim. Isto não tem preço.
Isto é vida. Isto é cura.
